OS “monárquicos” - ALGOZES DA MONARQUIA
Francisco Herédia (Visconde da Ribeira Brava)
1 - Os Mandantes do Regicídio
José d’Alpoim e Francisco Herédia (Visconde da Ribeira Brava)
(Jorge de Morais, “Regicídio a contagem decrescente 100 anos (1908-2008), Lisboa, 2007, Páginas 128 e 129).
“Em Dezembro de 1907, o grupo dissidente de José de Alpoim aborda o armeiro Gonçalo Heitor Ferreira, com loja junto à estação do Rossio. Heitor “era um republicano convicto [...], filiado na Maçonaria e membro da Carbonária”.
“(...) Em resultado da abordagem dissidente, Gonçalo Heitor de imediato encomenda à Casa Monkt, de Hamburgo (representante da marca Winchester na Europa), 9 carabinas Winchester semiautomáticas de calibre 351.”“(...) As carabinas chegaram a Lisboa ainda antes final do ano e (à excepção de 3, vendidas a outros clientes) foram reservadas para o seu comprador e pagador, Francisco Herédia, Visconde da Ribeira Brava, que as levantaria em meados de Janeiro. Com as Winchester vem igualmente um lote de pistolas FN-Browning de calibre 7,65. Pelo cotejo dos números de série, foi possível determinar que destes lotes saíram as duas principais armas usadas no regicídio duas duas semanas mais tarde: a Browning nº 349-432 de Alfredo Costa e a Winchester nº 2137 de Manuel Buíça (Miguel Sanches de Baêna, Diário de D. Manuel, pp. 143-144).
José de Alpoim
(Jorge de Morais, op. Cit., Página 130)
“Alpoim sabia-o melhor do que ninguém: ele próprio presidiu, ainda em finais de 1907, “numa casa da Costa do Castelo”, à reunião de um grupo restrito de 30 membros da “Coruja” em que pela primeira vez se falou de um plano concreto para assassinar o Rei – plano cujas “linhas de fundo [...] ele próprio traçou e orientou” (Miguel Sanches de Baêna, op. Cit., p. 137).
(Miguel Sanches de Baêna, op. Cit., p. 139)
“ O plano do regicídio começa a ser desenvolvido por Alpoim e toma foros de realidade no seio da Coruja, à qual não era estranha a presença do visconde da Ribeira Brava (Francisco Herédia). Ali definem uma estratégia a seguir que seria naturalmente apoiada pela restante Carbonária. E numa reunião algures numa casa na Costa do Castelo, presidida por José de Alpoim e onde, para além do visconde da Ribeira Brava se encontravam trinta pessoas, foi comunicada a decisão de se matar o Rei.”
(Carlos Loures, “A Carbonária, a «Coruja» e a conspiração do Regicídio – 1”, www.aventar.eu).
“A verdade completa sobre o Regicídio, dificilmente virá a ser conhecida. Com o desaparecimento do respectivo processo, restam as conjecturas, as suposições, as teorias. José de Alpoim disse em diversas ocasiões «Só há duas pessoas em Portugal que sabem tudo – eu e outra». Soube-se depois que a pessoa a quem ele se referia era ao visconde da Ribeira Brava.”
2 - Monárquicos com responsabilidades na queda da Monarquia
Ferreira do Amaral
(Abilio Magro, “Revolução de Couceiro”, Porto, 1912, Página 7)
“(...) Nojo das baixas transigencias para com os republicanos, inimigos confessos do regimen que então se defendia e de que foi unico culpado o primeiro governo do senhor D. Manuel II e especialmente o seu presidente, o makavenko almirante Ferreira do Amaral.”
(Abilio Magro, op. Cit., Página 13)
“ João Coutinho alguma culpa tem nos sucessos que concorreram para a queda da Monarquia, porque sendo governador civil de Lisboa no ministério de Ferreira do Amaral e sabendo-se que valia bem mais do que este... devotado amigo do Rei, a quem D. Manuel entregára os destinos do paiz, devia, com o seu intelligente conselho, elle que conhecia toda a organisação revolucionária do paiz, demover o presidente de muitas idiotices e algumas até criminosas, que muito contribuiram para, mezes depois, ser destituido o regimen e desthronado o Rei, que tanto confiou nas suas makavencas palavras !”
(Abilio Magro, op. Cit., Páginas 15 e 16)
“(...) E porque não se publicou o processo sobre o regicídio e se não prenderam alguns dos seus executores?
Por uma requintada covardia dos monarchicos, por medo de que esse acto occasionasse... uma revolução ! Assim o disse o proprio Ferreira do Amaral, presidente do conselho !...
Nunca cheguei a perceber até onde pretendia chegar... o arguto chefe do governo! ...”
Marquês de Lavradio
(Abilio Magro, op. Cit., Páginas 22 e 23)
“ Mas El-Rei o Senhor D. Manuel não foi só infeliz com as pessoas que chamou para presidirem aos vários governos do seu curto reinado !
Até escolhendo o seu secretário particular, que deveria ter sido um homem de reconhecido talento, demonstrou grande infelicidade que o perseguia: o Marquez de Lavradio, que fôra companheiro de infancia do Monarcha, poderia ser, para que nega-lo, um bom official de marinha, mas... um regular mentor de um Rei, jovem e inexperiente, nunca !
A esse aristocrata, em um dos dias anteriores ao 5 de Outubro, referi eu: - Olhe, Marquez, disse-me no Porto o republicano X... (é hoje hum alto funcionário administrativo da republica) com quem fiz um passeio de carruagem até Matozinhos, que está para breve uma revolução, em que ha seguras probabilidades de victoria republicana.
O sympathico e aloirado titular, com o qual falei do assumpto em plena avenida da Liberdade, junto á travessa que nos conduz ao largo da Anunciada, ligou tanta importancia á minha segura confidencia, como outros que tinham tambem por obrigação defender o regimen deposto, a ligaram a tantas mais de que eu tinha sido portador !...
Lembro-me até que o maçou a minha presença, que me recebeu com ar enfadado, que me disse estar de licença e não ir por isso ao Paço !...
Por fim... sorriu-se, entendendo ser melhor ir divertir-se para o Turf Club, do que ter o incommodo de se dirigir às Necessidades e alguma coisa dizer a seu Amo e Rei !”
(Continua)